Xian
Xi An tem uma grande importância histórica por ter marcado o início da talvez a maior rota de comércio que o mundo já viu, a rota da seda. Por séculos, milhares de comerciantes em caravanas saíam dali percorrendo todo o continente asiático até chegar a Europa. Abastecidos de seda, porcelanas, especiarias e outros produtos exóticos que agradavam as cortes europeias, estes aventureiros tinham a grande função de conectar dois mundos, o ocidente e o oriente, através da troca de mercadorias. Por conta de todo este fardo histórico, Xi An tem uma grande influência da parte central islâmica da Ásia que durante muito tempo controlou o fluxo comercial do trajeto
Muçulmanos que percorriam a rota passaram a se estabelecer na cidade, criando um bairro próprio, construindo mesquitas e comendo kebabs. Talvez esta seja a grande peculiaridade de Xi’An e fator que a torna única. Apesar de estar no berço da civilização chinesa, a cidade mescla brilhantemente aspectos chineses e islâmicos. O Muslim Quarter é uma espécie de medina só que com ruas arborizadas, clima úmido, com vendedores de olhos puxados, escritos bilíngues em mandarim e árabe e uma grande e curiosa mesquita. Ela é de fato a maior mesquita da China. Muitos aliás não imaginam que quase 2% da população chinesa (e olha que isto não é pouco) seja muçulmana, número que se deve à grande minoria étnica centro-asiática dos Uihgures (mas isto é outra história). Uma mesquita sem aqueles minaretes tradicionais, sem aquela grande cúpula clássica e principalmente sem que a fachada oeste (e não a sul) esteja na direção de Meca. Uma mistura única muito interessante.
Muito antes da influência islâmica ter atingido Xian, a cidade já era um grande centro urbano do império chinês. A enorme muralha que circunda o centro expandido da cidade prova este fato e é muito boa de ser visitada de bicicleta. Prova viva de sua anterior importância é a sua grande atração de hoje. A mais ou menos uma hora da cidade, jaz a grande estrela de Xi’An, os seus guerreiros de terra cota. O complexo são três grandes poços onde nada mais nada menos que 8000 guerreiros, 130 carroças e 520 cavalos de cor amarronzada se encontram enfileirados.
O que passou a ser um dos maiores tesouros chineses foi descoberto por acaso nos anos 70, quando uma família local cavando um poço achou indícios do grande exército. A história por trás desta loucura é um mimo de uma grande imperador da dinastia Qin. Por volta do século II a.c., aos 13 anos de idade e acreditando que tudo que fosse enterrado consigo se levaria para a eternidade, Qin Shi Huang determinou que fosse construído um exército do tamanho do seu próprio com fidelidade de detalhes para que fosse enterrado em seu mausoléu e portanto protegê-lo para sempre.
O que muitos não sabem porém é que o exército é apenas uma fração do mimo do imperador. Além de proteção, o doido varrido ainda mandou que fosse construído uma réplica de terracota de absolutamente todos os seus pertences, incluindo animais, serventes, objetos, artefatos e etc. Aos poucos foi-se descobrindo que, ao redor dos guerreiros, haviam mais milhares de outros poços recheados de réplicas de mulheres, gansos, vacas, pratos, mobília e tudo o que se possa imaginar. O sítio arqueológico do mausoléu tem um período total de 6 quilômetros e levou 38 anos para ser construído. No entanto, as escavações e visitas turísticas são restritas ao guerreiros de terra cota.